As relações estão beirando o caos. Digo isso, porque nessa loucura de "fica" daqui, "pega" dalí, o carinho vem perdendo espaço. Distribuir ternurinhas virou sinônimo de ser brega ou retrô, quiçá, fraco. O "foda" é ficar no "joguinho". É guardar as gentilezas e o amor em um vidrinho conta-gotas e liberar cada micro-dose de forma homeopática: - e ache bom!. Afinal, até as relações se tornaram competitivas: Quem se entrega primeiro? quem se apaixona mais? quem abre mão de uma maior quantidade de coisas?. Vira uma espécie de toma lá da cá e ganha o mais esperto: o que soube dosar a ausência de carinho a ponto de tornar o outro dependente da expectativa de ser ou não realmente amado. O resultado? relações egoístas e cansativas do ponto de vista emocional.
O alívio, é que nem todos seguem essa lógica. Já que os joguinhos são inevitáveis nessa seara, mais espertos são os que jogam em dupla: ambos saem ganhando. A brincadeirinha mais que saudável, consiste em dosar pequenas manifestações de carinho, com um quê de mistério e amor próprio. E aí, meus caros, não há mais confusão entre carinho e submissão.
E quando falo de carinho, não me reporto à grandes ações e loucuras de amor. Me refiro a presentear o outro com coisas que não sejam migalhas. Atos corriqueiros, que parecem simples mas que podem marcar pra sempre. Adiante, fiz um apanhado de atos carinhosos - frutos da minha experiência, aliada à uma pesquisa com alguns amigos (as). Grande parte das respostas, envolveram renúncia do outro em prol do bem estar do parceiro e por conseguinte, dos dois. Está comprovado: fazer alguém que amamos feliz, também nos faz feliz.
Carinho é querer saber como foi o dia do outro, mesmo que sejam todos iguais na maioria das vezes. Carinho é perceber o quanto o cabelo dela está bonito naquele dia em especial (seja por ter pintado, cortado ou até mesmo lavado com um novo shampoo). Carinho é surpreende-la com um prato daquela sopa preferida em uma noite qualquer, ou trazer sushis para o almoço. Carinho é gostar ou aguentar aquela voz fofinha, meio infantil, que ela faz a todo instante. É colocar pra dormir, sair se despedindo com um beijo suave e deixar a chave por baixo da porta. Carinho é comprar remédio e levar na casa dele ou dela quando aquela gripe insiste, e 'brigar' carinhosamente pra que ele(a) tome o chá.
Carinho é ele ir levar a sua avó na fisioterapia de mãos dadas com você, ou presentear sua mãe com chocolates em dia de aniversário. Carinho é mandar mensagens nas horas mais inusitadas, só pra mostrar como lembra e tem saudade. Carinho é não ter vergonha de chorar nas horas tristes ou felizes. Carinho é lamber as lágrimas do outro, só pra conseguir um riso. Carinho é provar o suco de laranja antes dela, para se certificar de que não está azedo. É ele ou ela acordar cedo e ir malhar com você, que odeia ir à academia sozinha (o).
Carinho é gravar um cd com todas as suas músicas prediletas. Carinho é saber o seu doce preferido. Carinho é entender que você não é louca, mas sim que está de TPM e programar alguma coisa juntos - ao invés de fugir - que te deixe confortável e feliz mesmo nesse estado. Carinho é cozinhar algo gostoso pra alguém que amamos. Carinho é deixar o braço ficar dormente a noite toda, só por que ele te acha linda dormindo naquela posição. Carinho é ele ir te botar na cama no colo quando você está muito cansada. Carinho é ele (a) trazer um pouco da lasanha do almoço de domingo pra você. Carinho é te esperar na porta do trabalho com um milk shake de morango. Carinho é acordar 7 horas da manhã pra ir te levar no trabalho porque você perdeu a chave do carro.
Carinho é quando só ele (a) percebe aquela pintinha bonita que você tem no pescoço. Carinho é conhecer todos os sorrisos dele(a) e saber que às vezes, quando ela boceja, é sinal de preocupação e não de sono. Carinho é ficar no telefone até ela adormecer, naqueles dias de insônia. Carinho é ele largar a aula pra te procurar na cidade, quando você se perde. Carinho é ele passar pomada nas suas feridas. É ela achar linda a sua barriguinha saliente. Carinho é dizer que ama, que gosta, que sente saudade, mas sobretudo: carinho é querer que o outro se sinta bem. Carinho é cuidado.
Liindo texto Liu!
ResponderExcluirQuero mais carinho! >.<
Manu
Tirando a parte do lamber lágrimas, qro tudo isso e mais um pouco. Carinho nunca é demais! =] Adorei o texto ;*
ResponderExcluirConcordo, Lívia.
ResponderExcluirAs relações de hoje são baseadas em tudo, menos em carinho. Carinho de verdade, conforme você bem descreveu. Ainda bem que existem as exceções. Um dia eu chego lá :)
Lindo texto!
Tradução perfeita do que é "carinho".
ResponderExcluirTexto belo.
Parabéns!
Um movimento pró carinho, sobretudo não esperá-lo e sim doá-lo, para que, se for nosso, nos volte na mesma dose de ternura.
ResponderExcluirÓtimo texto, você tem muito talento, escreve bem. Parabéns.
ResponderExcluirTô te seguindo, me segue também:
amontoadojm.blogspot.com
Lindo texto..
ResponderExcluirAdoro seus textos, já disse né? só reiterando mesmo!
ResponderExcluirbeeeeijos
OOw, que bom que gosta! (e os elogios - inclusive os reiterados - provocam sempre uma alegria imensa) :D
Excluir