Fácil é ruim?

Que uma dose essencial de educação cai muito bem em qualquer situação, todos já sabem. Entretanto, quando entramos na seara sentimental a passionalidade afeta os sentidos e relativiza o bom senso.  É só abrir uma dessas revistas para mulheres (existem algumas voltadas para o público masculino também, embora sejam minoria) para que sejamos bombardeadas (os) com diversos absurdos. 

A primeira regra da falsa etiqueta dos relacionamentos diz respeito ao momento da conquista: nada de facilitar. A falsa impressão de que precisamos a todo custo criar obstáculos forçados, é, a meu ver, uma espécie de inversão de valores. O que deveria imperar, de fato, senão a boa e velha sinceridade? Se você não está muito a fim daquele amigo da sua prima, é normal que o seu desinteresse, para ele, soe como um desafio e que os "nãos" como adiamentos. Mas se engana quem pensa que dar o "desprezinho" é o que torna alguém menos ou mais interessante. A história do - preciso conquistar fulana (o), é mais um desafio pessoal do que qualquer coisa que envolva gostar de fato. Os 'nãos' soam como uma afronta à auto-estima de muitos, que não descansam até provarem - sobretudo a si mesmo - que são capazes de obter o objeto de desejo.

E se ocorre o contrário? Os dois se olham, imediatamente sentem-se atraídos fisicamente. Começam um papo informal que flui, como se fossem velhos conhecidos (e as vezes são). As afinidades gritam, o desejo aflora e a única vontade que você tem é de beijar aquela criatura o mais rápido possível. E aí? - pobre mulher/homem oferecida(o)? Não mesmo! você pode estar diante de uma ótima mulher/homem que despensa joguinhos. Explicar tal questão para um homem ou mulher de mente limitada pode ser uma tarefa quase impossível. 



O mundo está cada vez mais interativo e as relações, antes cultivadas por visitas furtivas à sacada ou alimentadas por cartas que chegavam uma vez por mês, hoje nascem de forma instantânea. Internet, SMS, faculdade, festas, trabalho,  filas do pão, cinema e até de banco: qualquer lugar é propício. Todavia, não devemos confundir facilidade de conquista e contato com falta de auto-estima e pudor. Conhecer alguém de verdade,vai muito além de avaliar quanto tempo se gasta da cantada ao primeiro beijo e deste à primeira transa.

Para a maioria dos homens, é muito mais tranquila a liberdade de sentidos: se sentem vontade, tentam beijar, se sentem desejo, tentam ir bem além dos carinhos. E quem foi mesmo que disse que as mulheres não podem agir mais livremente? O machismo dos séculos passados, provavelmente. 

Apesar de ter lido todas as histórias de princesas cortejadas em castelos e admirar o bom e velho cavalheirismo, sou fiel adepta da espontaneidade. Posso representar um "desafio" ou escorrer fácil como água entre um sorriso e outro. Sou livre pra sentir afinidade de cara ou não. Depende da pessoa, da situação, da época. Só não depende de uma coisa: da dignidade ou caráter. Esses permanecerão intactos em qualquer caso, afinal, o tempo de 'entrega' a qualquer relacionamento não é, nem nunca foi parâmetro de medição.

Embora os joguinhos sejam inevitáveis, o amor, como bem disse Ivan martins em sua coluna na época não é campo de batalha, meus caros. E podemos estar perdendo muito, por essa mania de querer provações: tem gente que não precisa malhar pra ter corpo escultural, outros não precisam estudar muito para serem inteligentes, alguns apostam cinco reais e ficam milionários sem o menor esforço e o seu amor as vezes cai sim: bem no seu colo, de mão beijada.

7 comentários:

  1. Não entendo muito dessas coisas, e cd vez mais que o tempo passa vejo que entendo menos!
    Mas acredito que a espontaneidade nas relações e a sinceridade é o que de fato nos permite "sermos" e cultivar uma relação saudável. Penso que o que torna as relações tão efêmeras hoje é a falta de sinceridade e a necessidade que alguns tem de criarem uma falsa imagem de si, e que não sustentam por muito tempo...

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  2. Ótimo texto. Mas confio também no bom senso da não entrega imediata e nos freios em tudo nessa vida, inclusive nas relações de afeto. Há uma dose necessária que corresponde a dar valor a si mesmo(a), a mostrar ao outro desde o começo que existe um espaço seu inviolável; é não deixar a carência fazer de capacho o corpo, mente e coração. É difícil admirar alguém que pareça tão entregue e frágil, salvo se for um bebê.

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  3. Maravilhoso texto!
    Também sou a favor da sinceridade e da espontaneidade. Nada pior do que ficar fazendo caras e bocas e ficar fingindo/disfarçando aquilo que você realmente sente.
    Infelizmente (isso é o meu lado feminista quem me sopra, rsrs), nossa sociedade ainda é meio "machista", incluindo as mulheres, e um dos tabus (ainda) é a questão da primeira transa. Por isso, adorei: "Conhecer alguém de verdade, vai muito além de avaliar quanto tempo se gasta da cantada ao primeiro beijo e deste à primeira transa".

    bj

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  4. Faço essas palavras as minhas. 'Também sou a favor da sinceridade e da espontaneidade. Nada pior do que ficar fazendo caras e bocas e ficar fingindo/disfarçando aquilo que você realmente sente.'

    isso não so acaba com o parceiro(a) como com nos mesmo.. é terrivel.

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  5. Concordo com a Gabriela,"ponto"

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  6. Dois pontos: Um para a espontaneidade e outro para o bom senso :)

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  7. texto otimista para os que se sentem fracassados, eu recomendo!!rsrs

    as pessoas tem medo as vezes de levarem um não e acabarem com a auto-estima, mas não pensam se de repente vem um sim!!

    Adorei o texto, incentivador!

    Gostaria que conhecesse meu blog de arte obscura http://artegrotesca.blogspot.com

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