Inject Is the New Black



A extraordinária mobilidade dos fluídos é o que os associa à idéia de leveza. Há líquidos que, centímetro cúbico por centímetro cúbico, são mais pesados que muitos sólidos, mas ainda assim tendemos a vê-los como mais leves, menos ‘pesados’ que qualquer sólido. Associamos ‘leveza’ ou ‘ausência de peso’ à mobilidade e à inconstância: sabemos pela prática que quanto mais leves viajamos, com maior facilidade e rapidez nos movemos” (Modernidade Líquida – Zygmunt Bauman).

Diferentemente dos ‘relacionamentos reais’ é fácil entrar e sair dos relacionamentos virtuais’. Em comparação com a ‘coisa autêntica’, pesada, lenta e confusa, eles parecem inteligentes e limpos, fáceis de usar, compreender e manusear. Entrevistado a respeito [...] um jovem de 28 anos da Universidade de Bath apontou uma vantagem decisiva da relação eletrônica: ‘Sempre se pode apertar a tecla de deletar’” (Amor Líquido – Zygmunt Bauman).

A concepção de que vivemos, nesses tempos modernos, uma sociedade liquefeita, muito me intriga e me inspira. O grande sociólogo, Zygmunt Bauman, em seus livros “Modernidade Líquida” e “Amor Líquido”, perscruta com maestria as relações humanas dessa nossa época e desvenda talvez os nossos “segredos de liquidificador”. Só agora eu compreendo Cazuza! Brincadeiras à parte, porque o Bauman é um senhor muito sério, “prendamos o choro e aguemos o bom do amor”. Entender o Bauman, entenda quem lê.

Numa série documental da BBC, sobre curiosidades da natureza, “Life”, vi um peixe-voador. Uau! Quase inacreditável. Sua faceta planadora como estratégia de fuga e sua exuberância deram novo significado aos meus dias. Deus deu asas ao peixe-voador! Imagina só a pompa do danado. Reassisti algumas vezes a cena e se revejo ainda fico embasbacado. Eu penso, “Que invejável é ter a capacidade de mover-se pelos oceanos e ainda poder voar voar voaaar...”. E o pensamento parece nunca querer encerrar tamanha liberdade. Leveza tamanha! Sim, são leves os peixes-voadores, cerca de 150g, e por isso mesmo deslocam-se rápido durante a FUGA aérea.

  • Vídeo (a partir de 3 minutos e 50 segundos)


Desejo ser leve. Dá-me a impressão de que posso voar. O tipo de leveza útil e bela. Algo como uma semente felpuda, de Dente de Leão, levada pelo vento - eu quero germinar além. Ou leve e letal. Uma armadeira em salto de ataque, a cascavel em seu bote preciso - sou eu. Sou um beija-flor batedor de carteiras – helicopterado pelo silêncio das minhas asas, eu colho o que preciso e parto: quero o néctar. Os músculos em peso de chumbo e ainda assim faço o balé parecer flutuanteHumaniza a minha dor, dói a minha humanidade... De não ser peixe, de não ser pássaro, nem cobra que Deus deu asas – juro que eu merecia. Você me TIROU isso!

“Eu não sou daqui, nem vim pra ficar”. Sou forasteiro! Não vim pra ficar no mundopor isso estou enchendo meu quintal de garrafas PET e despejo todo o óleo de fritura na pia de lavar pratos. Quando sento no bar com meus amigos o barulho é certo e a putaria come no centro. A manha é intercalar: a cada duas cervejas, uma dose de cachaça com limão e sal. Qualquer um fica alto em dois tempos. Mané meditação. O álcool eleva. Liberta! Terapia é tentar desentupir minha pia da cozinha e lavar o que acumulo há dias. Tem uma pia aí na sua casa? Ter-a-pia limpa é ótimo! E você terá ocupação suficiente para não regar seus pequenos dramas. Depressão? Disque Madame Devoica. Ou Mãe DináOu dizer ADEUS. Don’t Dramin!

Estou passando. Deixe-me passar. Preciso seguir meu fluxo. Fluir! Sou afluente de um poço profundo qualquer, abandonada água salobra. Lençol freático que não se pode frear. “Quem bebeu morreu, o azar foi seu”. Eu aqui me encharcando nesse processo osmótico e você aí vivendo sua eterna anargosmia. Não é justo! Volta pro bar. Arrisca um sexo escrachado, “pecado rasgado, suado, a todo vapor”. Deixa DESAGUAR esse “riacho de amor”.

Eu tenho uma missão, mas me distraio fácil. Distraído, gosto de enrolar a parte da frente do cabelo e tirar cravos da pele com as unhas. Você outro dia gritou que lhe arranquei um sinal das costas. Não era pra tanto. Um sinalzinho bobo, nem fez falta. Esse é também meu trabalho. Mantém limpa a pele de suas costas e equilibra o pH. Meu equilíbrio é importante! Sou o pássaro-palito que limpa os dentes do crocodilo. Não é comensalismo, é mutualismo. Veja que costas sedosas!”. veja como estou leve!”. Vou buscar o hidratante. Mal virei as costas, você quis me morder e eu corri, quer dizer, VOEI – sou o pássaro-palito, quase me esqueço.

Quem já tomou banho de cachoeira ou de água da bica, conhece a verdadeira leveza da água. “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”. Leves como a água são as torrentes relações humanas. Eu não criei nenhum grupo no “WhatsApp”, mas fui incluído em alguns. Lá, amigos antigos se desentendem e falsos amigos se reúnem. Até aí nada de diferente da realidade, exceto quando as pessoas atacam tempestuosas saem dos grupos“Muita merda!”. “Tem gente aqui que se acha”. E eu não me lembro de pensar assim há mil anos. Vai. Vai mesmo. Vai crescer. A água da DESCARGA também tem destino certo.

A verdade é que sempre achei bater retirada algo muito sério. Algo para ser definitivo e bem pensado. Pense que você está num avião caça a mais de 2.000 km/h e o botão EJECT é seu último artifício pela vida, mas é sempre arriscado lançar-se no ar - só você, a poltrona e a sorte. O sistema de ejeção de um caça lança o piloto longe o bastante de qualquer estilhaço da nave em iminência de colisão e explosão, através de uma bem montada e complexa estrutura que deve funcionar em menos de 3 segundos. Em última instância, um jato propulsor, localizado abaixo da poltrona, lança o piloto a uma velocidade de 75 km/h. O impacto dessa ejeção no corpo humano é imenso, mas vale o risco de sobreviver. Portanto, é preciso ter a consciência de que ejetar-se é a última saída. Vê se isso lhe inspira alguma coisa. Injeta um pouco de maturidade nesse seu cérebro gelatinoso. INJECT de uma vez por todas!

Obrigado pela atenção! #partiuserfeliz

P.S.: Dica do mestre: “Os relacionamentos são como a vitamina C: em altas doses, provocam náuseas e podem prejudicar a saúde. Tal como no caso desse remédio, é preciso diluir as relações para que se possa consumi-las (Zygmunt Bauman).

Outra dica de outro mestre: “Eu sou e sempre fui vítima do amor. Porque o amor demais prejudica. Porque o amor de menos prejudica. Porque o amor é feito bebida: tem que tomar a dose certa” (Cazuza).



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