Estava passando por um daqueles conhecidíssimos "dia de cão". Sem querer ignorar a dádiva de ter tido carona até o trabalho, desci do carro forjando um sorriso torto, junto com um aceno de muito obrigado. Nessas horas, mesmo que a gente não queira, acaba fitando o chão. Parecia querer contar os passos - mais curtos e arrastados, como se os tornozelos sustentassem uma daquelas correntes com bola de aço na ponta.
Nessas horas - a experiência ensina - a coisa mais prudente a se fazer é sentar, respirar e tomar um café. Assim o fiz. Considero saudável o hábito de abrirmos exceções malandras quando todo o resto parece estar um caos. "- Um croissant pra acompanhar", disse em tom decidido, mesmo sabendo que acabara de lanchar um baita sanduíche há pouco mais de meia hora.
São aqueles dias de nó na garganta que todos têm. Mulheres, sem qualquer remorso, põem a culpa na TPM. Homens, no time que foi desclassificado do campeonato. No fim, são apenas justificativas encontradas para que possamos exercer e admitir o marginalizado direito de estarmos melancólicos e confusos.
Corri pra livraria. Elas sempre têm aquela pegada "refúgio", repararam? As estantes altas, o clima de silêncio, as poltronas confortáveis. Folheei inutilmente alguns livros recém lançados, separei um outro de crônicas e subi desconfiadamente as escadas. Lá estavam: os livros de auto ajuda.
Tenho vergonha de admitir que me consolam. Afinal, alguém que compra "Seja líder de si mesmo" de Augusto Cury, não inspira muita credibilidade, não é mesmo? Acabei caminhando em círculos pelo piso. Fingi interesse por alguns livros de direito, mas a farsa era imediatamente desvendada por quem observasse mais atentamente os meus olhares furtivos. As pupilas dilatadas, curiosas e amedrontadas ansiavam por uma palavra de motivação, por mais brega que pareça.
Admito que buscava nas capas em tom pastel alguma espécie de solução mágica, com o segredo de quem planeja um crime. Talvez nem precise lê-los, compra-los - tentava persuadir a própria mente. A "melhor" literatura de auto-ajuda já deixa a mensagem pra lá de clara ainda na capa. "Nunca desista dos seus sonhos", aconselhava um. "Praticando o poder do agora", sugeria outro. "Você pode curar sua vida" - ta bom, já chega.
Tenho vergonha de admitir que me consolam. Afinal, alguém que compra "Seja líder de si mesmo" de Augusto Cury, não inspira muita credibilidade, não é mesmo? Acabei caminhando em círculos pelo piso. Fingi interesse por alguns livros de direito, mas a farsa era imediatamente desvendada por quem observasse mais atentamente os meus olhares furtivos. As pupilas dilatadas, curiosas e amedrontadas ansiavam por uma palavra de motivação, por mais brega que pareça.
Admito que buscava nas capas em tom pastel alguma espécie de solução mágica, com o segredo de quem planeja um crime. Talvez nem precise lê-los, compra-los - tentava persuadir a própria mente. A "melhor" literatura de auto-ajuda já deixa a mensagem pra lá de clara ainda na capa. "Nunca desista dos seus sonhos", aconselhava um. "Praticando o poder do agora", sugeria outro. "Você pode curar sua vida" - ta bom, já chega.
Suspirei, paguei o livro - o de crônicas, somente - e não resisti à um caderninho de capa florida que enfeitava as prateleiras. Acomodei-me num dos sofás fofinhos e na tentativa de organizar as ideias escrevi no topo da primeira folha: Meus sonhos. Talvez a sina de todo mortal seja essa: rodar que nem peão e perder o rumo vez ou outra. Tem gente que precisa de eventuais lembretes, faróis que indiquem a direção e não deixem perder de vista aquilo que deve ser perseguido. E se a felicidade for esse eterno joguinho de pique-esconde?
Cecília Meireles do alto de sua sabedoria assim disse: "Que procuras? Tudo. Que desejas? - Nada. Viajo sozinha com o meu coração. Não ando perdida, mas desencontrada.". Clarice, por sua vez, alertou: "Perder-se também é caminho". São as divas da literatura legitimando a minha angústia: que quero mais?
* Não esquece de curtir a fã page do blog no facebook e ficar por dentro de todos os posts e outras coisinhas. Sigam-me no instagram @liramoss e saibam o que estou lendo (e fazendo...e comendo! rs).
Cecília Meireles do alto de sua sabedoria assim disse: "Que procuras? Tudo. Que desejas? - Nada. Viajo sozinha com o meu coração. Não ando perdida, mas desencontrada.". Clarice, por sua vez, alertou: "Perder-se também é caminho". São as divas da literatura legitimando a minha angústia: que quero mais?
Já estamos no sábado e tudo parece estar bem, finalmente. Nem pareço a mesma - e já não sou, de certo. As ideias pendulam tranquilamente em uma rede da varanda imaginária. Estão serenas. Talvez o "mimimi" da semana tenha mesmo sido fruto da da tal TPM - desculpem. eu adoro me iludir com essa teoria.
Os miolos estiveram de calundu, mas nada que um solene "/ignore" da vida não resolvesse. A gente limpa o catarro, olha de soslaio e até passa raiva por não ter tido direito à dengo. Vê que todo mundo continua vivendo, cada um com seus pesares à tira colo. E seguimos também. Mesmo sem saber ao certo pra onde.
Os miolos estiveram de calundu, mas nada que um solene "/ignore" da vida não resolvesse. A gente limpa o catarro, olha de soslaio e até passa raiva por não ter tido direito à dengo. Vê que todo mundo continua vivendo, cada um com seus pesares à tira colo. E seguimos também. Mesmo sem saber ao certo pra onde.
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Alem de escrever muito bem. Descreve as angústias e dúvidas da alma humana com maestria. Boa sorte! Escreva um livro e arranje quem publique pois vc tem talento.
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