Não chore, que o umbigo cai e a barata rói


Esse seu choro rompido, que da gargalhada vazou lágrima do peito, me pegou meio sem jeito. Fez-me dar de ombros, sem ter ombro pra dar. Na hora "H", eu não entendi o motivo, não entrei no passo do interlúdio. Foi realidade abrupta! "Se eu não for feliz, se eu não dissimular me internam!", disse o professor Renner. Percebi que você não me disse tudo, resguardado vinguei antes: guardei o meu segredo. A gente permanece fazendo coisas sem lógica pela vida inteira. Uma premissa da vida em sociedade, aceite. Basta crescer e identificar como agem nossos pais.

Aquele pervertido do Raul tinha toda razão, "o medo da loucura, nessa estrada escura, pode nos afastar da luz". É fábula com direito a cesta de guloseimas e passos saltitantes e periclitantes, existe algo a nos espreitar. A estrada afora tem que ser uma lenda pessoal. O grande mago Paulo Coelho já explicou tintim por tintim, está tudo dito. Não sei como erram esses mortais!

Uma das coisas mais sem lógica que se pode encontrar no modelo sapien sapien é a capacidade que tem de fazer o que ele não quer fazer e a de não fazer o que ele quer fazer. Sim, isso existe. Inconsciente, contigência psicológica, recalque, trauma, burrice, vacilo, ato falho? Classificar e nomear o que seja é o mínimo esforço, importante é saber que existe. "O primeiro passo é o reconhecimento". Ãh?! Prova disso é que se finge amar em demasia o outro para não aceitar o desamor próprio, limpa-se demais as coisas e o corpo a fim de lavar a alma, e no fim de tudo pode haver o forte desejo de "AUTODESLIGAR-SE" (pautar o suicídio não pode, jornalista).

Outro dia fiquei sabendo que a ex do Carpinejar surtou de modo psiquiátrico e deu a mirabolar formas de matá-lo, com direito a desenhos ilustrativos. É coisa antiga, mas achei massa! Pena que os arquivos foram retirados da web. De tudo, ficou a dica. O Carpinejar é terreno fértil para análises relacionais. Mas, vou parar de falar no Carpinejar. Daqui a pouco o cara me liga e me enche de desaforos literários. Terei que emudecer como fez, a quase atual, Juliana. Quem há de se atrever? O fato é que o Carpinejar não sabe de mim. Mas, eu sei quem ele namora ou deixa de namorar. Pode isso? Está tudo dito again, cá no virtual. Diz-se demais, chora-se demais, expõe-se demais. Quem eu? Olha a lógica!

AUTOCONHECE-TE! Sinaliza um oco eco por trás dos meus olhos. Estaria eu ficando louco? Não, reflexivo. A verdade é que também sou um potencial matador, eis o meu segredo. A paranóia toda dessa onda de matar e morrer-se é bem delicada. Outro dia dei-me conta de que uma amiga havia cometido um suicídio virtual e o Pierre Levi nem tomou conhecimento. Egoísta que sou tentei marca-lá no face para apreciar um texto meu e "pimba"! Ela não estava lá. "Why so serious?" Ela levou o face também à sério. Eu quis curtir, mas nem pude, porque realmente ela não estava mais ali. Achei que faltou um tchau, achei que faltou o dramalhão da despedida, achei que faltou o motivo, achei que faltou pelo menos uma indireta. Nada fora revelado. Nem tudo está dito!


Sempre há o nosso bocado guardado, esse é segredo de cova. É umbigo enterrado, é olhar vaidoso para o próprio umbigo. Eu fui menino chorão e meu pai sempre me dizia, “Não chore, que o umbigo cai e a barata roí”. A lógica merecida do conselho me amedrontava, quebrava o peso real do meu choro. Hoje choro menos e detesto baratas. Agora, entendi seu pranto repentino. Mas, segura esse umbigo com força! O estertor do pulmão lacrimal, quando tosse sacode o pranto antigo. E vão querer que a gente entenda. E sem lógica alguma a gente entende. Amigo do peito é catarro, oras!


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