Numa festa, vi um lance de bola dividida entre duas mulheres que desejavam o mesmo homem, a bandeja apresentou-se a mim pela primeira vez. Amigas que eram, conversaram entre si e uma delas resolveu. “Deixa ele escolher!” Bandejas postas, era aguardar o rapaz decidir-se. Bandeja por bandeja, eu tenho uma com algumas frases bem aqui: "É assim toda vez que o ciclo se fecha e ela não chega, é um desespero!", "Quando estou na TPM sou capaz de matar sem remorso e preciso de muito muito chocolate", "Ele é um canalha, são todos iguais!", "Dessa vez, juro que não vou me envolver tanto. Serei o homem da relação!", "Ela viu nas cartas que ele vai engravidar uma vagabunda. Disse que essa vai tirar o que ele tem e o que não tem também".
Essas falas soam comuns aos seus ouvidos? Então já sabemos sobre o que estamos a tratar. Treinado anos a fio a apurar as “oiças”, para escutar as conversas que aconteciam na cozinha de minha avó, tornei-me um bom ouvinte e, talvez por isso, um grato amigo das mulheres. Não que essas falas tenham saído da cozinha de Dona Maria; por favor, não. Mulheres... Quem as conhece sabe bem que adoram falar sobre o ciclo menstrual e suas influências temperamentais, desastres relacionais, signos do zodíaco e cartomancia. Não sei se são maioria ou minoria, mas a gente sempre conhece pelo menos uma nesses moldes.
Apresso logo, esse banquete que desejo ter com você é prato cheio. É assunto que ficou ressabiado em mostrar-se de “barriga verde”. Agora que estou roxo de vontade de dizer o que lhe acontece, escute - melhor - leia.
Tenho a impressão de que você gasta muito tempo em fazer o amor acontecer em sua vida. Não é assim. A pessoa a quem amar está no cotidiano, não o cotidiano está na pessoa a quem amar. Achei confuso isso que disse, mas é exatamente o que quero dizer. Preste atenção, que relacionar-se não é “boca livre”. Pegue o guardanapo e anote! Há muito percebi você flexível demais, receptiva demais. Tornou-se fatalmente o que ele pede de si, e pronto. “Agora, cadê você?”. Já sei! Você está por aí louca... “louquinha, dá uma empinadinha”. Já reparou a nova leva de “trash musics” que homenageia a liberdade da mulher louca, doida, pirada? Sã não serve mais, tem de ser uma que “enlouqueceu” e “tá pensando que eu sou seu cavalinho”. Isso parece refletir o tipo de relação que os homens estão dispostos a ter. Ou será que as mulheres também estão dispostas? Nessa brincadeira, conheço um bom punhado delas que choram as agruras do desapego sentimental, do “lance pelo lance”, da ousadia de ser a ilegal no romance alheio.
Claro, assim como existe a pilantragem e cafajestagem masculina, existe a mulher malandra. O Caetano diz que conhece “sabedoria de rapina”. Diz-se de “alpinista social”, aquela que na rima sobe (xxx) e na vida também. Mas, não é pra você. Perceba! Você, tão inteligente, se faz de besta pra ser visitada? Meu conselho é prático e clean. Você não precisa ser a mulher com “Cinquenta tons de cinza”, a personificação do “Kama Sutra”, a “Lolita” irresistível e nem a “Femme Fatale” bela e golpista. Estou farto dos valores que se invertem e tomam ares de normalidade. Como assim essa coisa está valendo investimento de leitura de auto-ajuda e modos de subordinação em vestes de libertação sexual? "Como assim, Bial?". É tomada de consciência da mais séria: "saber o que define a vida de neguinho". Né Caetano? Agora, que vá longe de mim qualquer resquício de machismo possível, porque se a bandeja é sua, é você quem decide o que servir."O prato mais caro do melhor banquete é o que se come cabeça de gente que pensa... Metro linha sete-quatro-trêêêês!". Eita Raul Seixas que me inspira!
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