Nem sempre queremos o melhor para nós mesmos. Por mais que acreditemos ou façamos planos. Por mais que exista um sonho. Corremos o risco de escorregar em uma tremenda casca de banana tentando ser o que queremos e não o que somos. Digo isso, por ter sido uma grande idealizadora. Me imaginei médica, de jaleco, atendendo criancinhas e sentindo uma incomensurável sensação de alegria por estar cuidando e fazendo o bem a alguém. Depois, me via advogada, altiva, bem sucedida, vestindo um talleur preto, arrancando olhares de admiração com o meu notável poder de persuasão.
As pessoas diziam: "sabe, você daria uma ótima jornalista". E eu, encarava quase como uma ofensa. Jamais trocaria o lustroso mundo do Direito, pelo incerto e (na minha concepção da época) nada glamuroso mundo jornalístico.
Desde pequena, me destacava pela comunicação. No início, falando pelos cotovelos. Posteriormente, recitando poemas em auditórios lotados. Escrevendo mini-peças, mil diários, cartas, mensagens e tudo o que viesse à cabeça. Na 6ª série, eu e uma amiga criamos o "Jornal Teen". O jornal, improvisado por nós, contava com entrevistas, fofocas, curiosidades e dicas de moda e comportamento. Custava R$ 0,20 centavos (só o preço de custo da xérox mesmo). Não passou da segunda edição, o pobre. Mas ainda assim, era um forte indício dessa veia, que eu teimava em encobrir.
E assim foi, por muito tempo. Resolvi fechar os olhos para as minhas aptidões. E até achei que levava jeito pro Direito. Os mais próximos, compartilharam da mesma impressão. Acho que nós (eu e os meus) confundimos a minha facilidade nas áreas de comunicação, expressão e argumentação, com a seara jurídica, "certinha" e enfadonha como ela só.
E cá estou, uma estudante de Derecho às avessas. Não é atoa, que a falta de estímulo para os livros dessa maravilhosa ciência serviu de inspiração para o nome deste blog. Que eu nunca tive paciência para estudar, é certo. Mas daí a encarar como tortura, foi novo e bem traumatizante pra mim.
Pois bem. Pensei em desistir do curso, largar tudo e fazer letras, psicologia ou jornalismo. Mas a idéia só surgiu forte, quando eu já estava na metade do curso e já tinha suado e chorado horrores pra chegar onde estava. Não gosto de desperdícios. Mas também não gosto de sofrer (quem gosta?). E agora? o que eu faria?
Resolvi colher opiniões sobre o tema. Quem me conhece, sabe que como uma boa e indecisa libriana adoro saber o que o palpite dos outros para as minhas questões pessoais (mesmo que normalmente eu não as siga).Uns diziam: - largue tudo e seja feliz!, outros: - deixe de besteira, isso é normal. E outros diziam ainda: mas afinal, se não for Direito, o que você quer?. E essa, era a pergunta mais difícil. Afinal, que diabos eu queria? O que eu faria se largasse tudo?. E veio o medo de perambular sem destino, perder o fio da meada ou de ficar brincando de pular de curso em curso.
Pensei que seria melhor fechar o ciclo. Seria mais seguro. Um ato responsável e lúcido, do qual eu poderia me orgulhar no futuro. Depois da alforri.. ops! formatura, eu poderia enfim procurar com calma algo que me agradasse. Só mais dois anos, pensei, e fui.
Milton Santos, considerado o maior geógrafo do Brasil, é formado em Direito. Flávia Alessandra, a atriz, também. Gregório de Matos, poeta baiano conhecido por sua boca do inferno, também era bacharel em Direito. E assim temos vários, que fizeram este 'maravilhoso' curso, e debandaram para outras áreas, de seu maior interesse: Ary Barroso ( pianista, compositor e radialista), Caio Blat (ator), Paulo Autran (!), Renato Aragão (rs), Reynaldo Gianecchini, etc.
E assim vou indo, tentando plantar margaridas na fossa, como ensina Caio Fernando Abreu. Em 2011 me formo, faço o tenebroso exame de ordem, e deixo o vento me levar. Provavelmente, cursarei jornalismo, ou farei alguma especialização na área. O fato, é que precisei me perder, pra me encontrar: gosto mesmo, é de comunicação. Serviu de lição. Da faculdade, tiro e tirarei ainda valiosas experiências, além das importantes amizades. Sem lamentos, sem arrependimentos. Talvez eu ainda tenha algumas surpresas. Quem sabe bate uma paixão repentina já no fim do curso? ou não. O que sei, é que precisamos estar atentos aos sinais, desde sempre.
Nossa!!!!!!
ResponderExcluirTambem pensei nisso muitas vezes em relação ao meu curso...sou um desencontrado dentro dele, mas acabei encontrando outros desencontrados..e com eles me encontrando e encontrando dentro do meu curso o caminho q eu sempre sonhei...
quem sabe voce nao encontre mais alguns desencontrados...
semana q vem vou a barbalha p encontrar varios desencntrados...
to bem feliz c isso...
Ah, e vc me deve um real...hehehehe(twitter)
ai q orgulho...sempre em frente tita!
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