Resgate



Ei, sonhos! fiquem aqui. Não fujam, não se escondam... não desistam de mim. É que tive que dar um pause. Precisava pagar as contas: aquelas em que elogios, talento ou arte nem sempre são moeda s capazes de solver. Talvez tenha sido apressada, eu sei. Mas é que faltou-me aquela dose de sorte inerente aos filmes e contos encantados: onde o que é pra ser nosso cai no colo sem grandes mistérios. As vezes até esqueço que não estou na Disney.

Permita-me recapitular, começar de onde paramos. Lembra aquele dia em que resolvi que estava cansada de sofrer por amor? Acho que fui longe demais. Desliguei os sentimentos como vi naquela história de vampiros: onde basta a dor apertar que podemos optar por não sentir mais nada (bom ou ruim). Queria descongelar o meu coração - ainda tem como?

Aquela parte em que eu encontrava alguém parecia tão impossível que desisti. Não podia ser qualquer alguém, e a minha sucessão de erros parecia nunca ter fim. Agora venho tímida, como quem não quer nada, pedir a qualquer ser superior que me permita lembrar o quanto é bom. É certo que já amarguei além da conta. 

Uma coisa foi boa: foi como preparar o solo pra uma nova plantação. Queimei tudo e agora sou puro terreno livre e extirpado de qualquer lembrança. Mas é o tipo de coisa que só fazemos uma vez na vida. Já gastei minha chance. 

Será que sou assim tão exigente? Querer alguém com uma vantagem de altura sobre mim, que goste de séries, tenha um sorriso bonito, me ame e consiga se sustentar é pedir demais? Bom. Talvez sim. Mas nada mais caótico e desconcertante do que ouvir o clássico "não entendo como alguém como você pode estar solteira". Pois é. Vai saber?

Só pode ser castigo. Daqueles auto-impostos por gente que ama se punir (oi!). São tantos "Quando você menos esperar, algo acontece" que perdi as contas. O fato é que acho que não consegui achar o equilíbrio ideal entre não-estar-esperando e desistir de vez. Talvez meu nome tenha saído do cadastro de "panelas sem tampa" de uma vez por todas. Talvez esteja fadada a dormir sozinha do lado esquerdo da cama pra sempre. Ao menos posso usar sozinha aqueles quatro travesseiros que teimo em colocar.

Amores de carnaval, beijos furtivos em festas regadas a forró, romances mal sucedidos com amigos, falsos príncipes e c&a: perdi a paciência. Só queria ter sorte, ou que estivesse previsto no roteiro universal da humanidade um par digno para compor a minha humilde e solitária existência. 

É torcer para que o futuro pretendente não leia esse texto e conclua invariavelmente que sou uma caça-homem inveterada. Só queria mandar essa indireta pro universo. Não tenho vergonha de querer o que todo mundo quer cedo ou tarde: encontrar o/a "eleito/a" e finalmente descansar



Um comentário:

  1. Sabe quando a gente lê algo e tem a certeza de que poderia perfeitamente ter escrito aquilo, mas alguém foi mais rápido e caprichoso, foi lá e fez!? hahaha, espero que tenha entendido! Amei o texto e, mais ainda, amei o fato de me encontrar nas entrelinhas e saber que não estou sozinha nessa ^^. P.s.Que meu futuro pretendente também não leia meu comentário :D :D :D beijos

    ResponderExcluir

diga aí

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...