Não aprendi nada com você, sabia? Aquele teu jeito clichê de me tomar nos braços era coisa que a gente via em qualquer novelinha adolescente de 2001. Essa historinha de dizer "eu te amo" como quem diz "bom dia" também já está mais que manjada. Ninguém cai mais, cara. É bom tentar outro golpe. Criar outra máscara que esconda o teu avesso pobre.
Homem raso incomoda desde sempre. Gente que não entende o que a gente fala, nem se esforça pra entender. Quando o cara julga como "frescura de mulher" todo e qualquer bramido feminino, é sinal que a coisa ta feia. Não vou usar aquela roupinha colada só pra chamar a tua atenção. Homem que é homem não enxerga a camisa masculina e folgada que encobre o corpo da mulher: espia os mamilos rijos, excita-se com os contornos furtivamente revelados entre um passo e outro.
Não deixarei de sair, não driblarei galanteios. Desde que educados, continuarei respondendo com um sorriso quando bem me aprouver. Estou viva e quero beber o mundo. O mundo me quer também, eu sei. Só eu sei dar conta das minhas tonturas de chopp. E ninguém silenciará essas risadas pagas com os vinténs que ganhei vendendo algumas bugingangas.
Os meus decotes estão aqui: continuam atraindo olhares curiosos. Já não tenho vergonha, já não sinto culpa por comentários e rabos de olho que eu não pedi. O corpo é meu, sabe? Exibo ou escondo de acordo com o meu humor e não em razão das tuas torcidas de nariz, e isso também vale para as saias curtas.
Continuo gesticulando como sempre. E veja só: gosto disso. Meus braços e dedos longos serpenteiam desajeitados, eu sei. Mas representam nada menos que a minha empolgação e euforia diante de alguns temas: é o combustível que me mantém acesa nesse mundinho tão preto no branco.
Não aprendi com as tuas promessas. Só desaprendi, se me permite esclarecer. Promessas amorosas integram a classe das formas-mais-toscas-de-mentira. Desaprendi a esperançar aqueles finais felizes e plenos. Consegui ver a harmonia também no caos. Desaprendi a acreditar em qualquer tipo de lágrima, viu? Inevitável a percepção de que existem atores por toda a parte. Ainda bem que além de rugas a gente vai ganhando lucidez pra captar alguns ranços.
Você tentou me empoleirar numa gaiola bonita, revestida de pelúcia e adornada com rosas e bombons. Tentou que eu desistisse dos meus planos e das outras pessoas. Me fez acreditar que estava segura e teria ali - de dentro da minha mini prisão - tudo o que poderia esperar da vida, do mundo. Mas acordei, cara. Demorei mais me curei dessa síndrome de Estolcomo de uma figa que me prendia à você.
Sem as amarras vejo o quanto você perdeu. Perdeu uma mulher, perdeu alguém que tinha brilho no olho. Assisto de camarote a tua vida. Tão ínfima e vazia... tão boring, como nunca consegui prever. Esse é o preço da racionalidade: você deixa de ver graça em bolinhas de sabão e quando menos espera acaba atrás de uma tela jogando sem parar algum game bem repetitivo. Só lamento.
Pareço revoltada demais? talvez esteja mesmo. Revoltada, porém re-solvida como nunca. ♥
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