São João: 5 coisas

Como boa bonfinense, interiorana, baiana e nordestina que sou, o meu mês preferido é Junho. Só quem já viveu um pouco dessa magia pode entender o fascínio que a época exerce. Para alguns, apenas algumas bandeirolas e pratos à base de milho verde. Para nós, os "caipiras", o mês de alegria e celebrações embaladas por festas e reencontros.

Alguns preferem dezembro e o natal. Eu prefiro as bandeirolas. Não ganhamos presentes ou temos ceia. Mas é um tempo de confraternização como nenhum outro. A comida é abundante e diversificada. As toalhas de chita ganham as mesas das casas. Amigos queridos e parentes que moram longe invadem as varandas de nossas casas, conversando, tomando licor e petiscando amendoim. 

É tempo em que dormimos mais juntinhos, em quartos lotados de colchonetes, e precisamos fazer fila para servir o prato ou usar o banheiro. Mas fazemos tudo isso com um sorriso imenso nos lábios. Todo e qualquer aperto é prazer e não sacrifício quando o assunto é ter quem amamos por perto.

Os festejos são mágicos. O tempinho mais frio, a garoa, o som da sanfona que ecoa pelas praças e comércio. A decoração colorida, as ruas mais cheias e o sorriso estampado em cada rosto não nos deixa esquecer sequer por um minuto que é São João. Temos até licença poética para usar chapéu de palha. É uma belezura.

Pois bem. Resolvi separar as cinco coisas que pra mim melhor simbolizam as festas juninas, vamos conferir?



Lembro da empolgação que era na casa da minha avó. Esperávamos ansiosos pela lenha e espreitávamos encantados a arrumação da madeira. Mal podíamos esperar a hora em que a danada seria acesa: era o momento da divertida queima de fogos entre amigos e primos. Assávamos milho na hora, enquanto conversávamos. Os mais velhos supervisionavam entre risos suas crianças transformarem em brilho toda aquela pólvora. O dinheiro dos fogos era sempre delicado. Fazíamos verdadeiras campanhas para os nossos pais. - Esse não é muito perigoso, menina? - Você vai saber soltar, fulaninho?. Boas lembranças! 



Junho é o mês de colheita do milho. É tempo de fartura. Os pratos feitos nessa época são uma gostosura à parte: além do milho, o amendoim, tapioca e outras iguarias são servidos sob diversas formas e texturas. Só de pensar já sinto água na boca.



 A tal da guerra sempre gerou polêmica: o número de queimados no hospital da cidade (Senhor do Bonfim) aumenta consideravelmente naquele dia. Quem teme os artefatos, que fique em casa e proteja as suas janelas. Nunca participei. Falta-me coragem, admito. Mas não consigo imaginar o nosso São João sem esse ritual já tão consagrado. Até o medo é gostoso: ver as espadas saltitando de longe e correr quando elas parecem avançar em nossa direção. Gosto de espiar os "guerreiros" enjaquetados e protegidos como podem em sua caminhada fazendo show de luzes por onde passam. Ainda bem que não foi proibida!



Licor é a cara dos festejos juninos. Sobretudo o de genipapo! A bala da tal fruta também é extremamente requisitada. Lembro de quando a festa bonfinense era na praça nova. Havia uma área imensa destinada às barraquinhas da bebida! Adoro! 


Aqui o que vale é a boa vontade. Forró pé de serra ou elétrico embalam os casais todos os anos. Mesmo que você não seja dos que dão show na pista, tem que admitir que mexer os quadris ao som da sanfona é quase que uma terapia. Com um pedido de dança iniciam-se muitas paqueras. Nada mais romântico do que dançar juntinho, mesmo sem saber! 

Bom, é isso! Espero que tenham gostado de relembrar um pouco dessa época comigo! 

Desejo a todos um excelente São João! 


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