Não me venha falar de amizade finda. Amizade que é amizade, nunca acaba, e se acabou, a resposta é bem óbvia: era frágil, logo, provavelmente sequer tenha chegado a existir. Suspiro e digo sem medo: se existe um elo inquebrável, este se chama amor - ou amizade? mais sinônimas impossível.
Talvez os vínculos de camaradagem tenham ido embora. As ligações de fim de tarde, as visitas nas noites tediosas de domingo, a conversa sempre envolvente de mesa de bar... as viagens juntos, os sonhos, os choros, os planos, o carteado. A parceria pode acabar por incontáveis razões: briga feia, distância, intrigas ou o correr acelerado dos dias, que simplesmente aparta do banco do carona o nosso amado amigo. Mas nem só de presença sobrevive uma amizade.
Amizade genuína é sobretudo uma não-opção. Um bem querer, no início interessado nas alegrias e bem estar que o outro pode proporcionar, ou gerado por simples vontade de ajudar. Mas depois, quando é pra ser, vira amor, como que por mágica: o encanto mais bonito e raro que já presenciei até hoje. Então já não há mais volta. Não existe condição ou motivo para ser ou existir. O verbo mais nobre quando vivido como tem que ser, vira pedaço - fixo e arraigado.
A recordação fica tatuada em cores vívidas no passado e vai se transportando para o futuro em preto e branco, mas não menos presente. E você vai lembrar dele ou dela. Quando ouvir aquela música, comer aquela macarronada, rever aquela foto ou sentir falta daquela maneira que só ele(a) tinha de te sorrir ou chorar junto diante das adversidades.
A verdade é que seu amor já chegou a um patamar no qual independe do outro: é e consuma-se em si mesmo. Não há rancor que arranhe, não há maldade que dilacere, erro que corroa ou distância que apague o que já não representa uma escolha do tal amigo, tampouco sua.
A verdade é que seu amor já chegou a um patamar no qual independe do outro: é e consuma-se em si mesmo. Não há rancor que arranhe, não há maldade que dilacere, erro que corroa ou distância que apague o que já não representa uma escolha do tal amigo, tampouco sua.
Eternamente, essas pessoas serão uma parte simples, bonita e as vezes até obscura do que você é e fez. Mas estavam lá e estão aqui, bem guardados naquilo que os sábios chamam de 'caixinha dos milagres', magicamente insubstituíveis, eventualmente doloridos.
Merecimento a uma altura dessas, já não faz parte do nosso dicionário, não é mais pressuposto de validade e muito menos de eficácia para um sentimento tão visceral. Amemos, pois, acompanhados ou a sós, compreendidos ou não. Com alguma sorte talvez sejamos também amados.
Merecimento a uma altura dessas, já não faz parte do nosso dicionário, não é mais pressuposto de validade e muito menos de eficácia para um sentimento tão visceral. Amemos, pois, acompanhados ou a sós, compreendidos ou não. Com alguma sorte talvez sejamos também amados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
diga aí