Deitada estava, olhando pro alto naquele terraço. O céu, cravejado de estrelas, servia de manto. A brisa delicadamente acarinhava corpo e cabelo. O frescor da noite, contrastava com o calor dos meus olhos, que eram fogueiras, das quais vertiam águas das mais quentes e sinceras.
Podia sentir o coração encolhido, pequenino e amedrontado. Mas as idéias expandiam-se e giravam a mil por hora. O estômago estava um caos: A ansiedade o tinha invadido e estava fazendo peripécias de sucos gástricos e calafrios. O corpo todo era máquina de sensações e exalava por todos os poros as verdades mais ocultas. Os pelos, de fato ingênuos e delicados, levantavam-se com firmeza, tentando convencer de que eram uma espécie de exército protetor. Mas o escudo era frágil , não restando de fato nem sequer um sentinela. Vulnerabilidade, era o meu nome.
Podia sentir o coração encolhido, pequenino e amedrontado. Mas as idéias expandiam-se e giravam a mil por hora. O estômago estava um caos: A ansiedade o tinha invadido e estava fazendo peripécias de sucos gástricos e calafrios. O corpo todo era máquina de sensações e exalava por todos os poros as verdades mais ocultas. Os pelos, de fato ingênuos e delicados, levantavam-se com firmeza, tentando convencer de que eram uma espécie de exército protetor. Mas o escudo era frágil , não restando de fato nem sequer um sentinela. Vulnerabilidade, era o meu nome.
A lua confundia-se com o sol. Resolvera àquela noite, não ser mera refletora do astro rei. Parecia cintilar por sí só, e era difícil fita-la diretamente, tamanha a sua reluzência. O tempo escorria por entre os dedos, enquanto as lágrimas evaporavam, dando origem, mais tarde, a duas ou três finas nuvens.
Amor, amor, amor: sempre ele. Não era a terceira perna - porque seria sensação de segurança e estaticidade - e sim mais duas pernas, caminhavam separadas, em corpos unidos pelas mãos. efinitivamente, não gostava de andar com duas pernas: queria que fossem quatro, sempre. Queria outro corpo, cúmplice. Braços dados. Queria abraços, afagos. Mas tudo era incerto, suspirava.
Astros celestes e ventos, inquietações, mensagens subliminares, amores, dores. Tudo era inspiração. Não queria que aquela noite acabasse, mas o corpo reclamava. O desconforto físico denunciava mais um dia inteiro vivido até a última gota em suas intensidades. Precisava descansar, e resiliente - aconselharam - ia dormir, e ter os mais belos sonhos.
"Talvez um voltasse, talvez o outro fosse. Talvez um viajasse, talvez outro fugisse. Talvez trocassem cartas, telefonemas noturnos, dominicais, cristais e contas por sedex (...) talvez ficassem curados, ao mesmo tempo ou não. Talvez algum partisse, outro ficasse. Talvez um perdesse peso, o outro ficasse cego. Talvez não se vissem nunca mais, com olhos daqui pelo menos, talvez enlouquecessem de amor e mudassem um para a cidade do outro, ou viajassem junto para Paris (...) talvez um se matasse, o outro negativasse. Seqüestrados por um OVNI, mortos por bala perdida, quem sabe. Talvez tudo, talvez nada."
(Caio Fernando Abreu)
(Caio Fernando Abreu)
adorei seu texto tbm, me lembrou a forma como eu mesma escrevo tbm!!
ResponderExcluiradorei a expressão: "peripécias de sucos gástricos"... hahaha
parabéns.
e detalhe para o caio no final, nem precisa comentar...
beijo
LINDO. O amor que me persegue e a ansiedade que me consome. Sou contraditória e multifacetária.
ResponderExcluirSeu útero deve estar maior que todo o resto. Sua alma é um soberbo salão solene, ou um jardim suspenso da Babilônia, ou, talvez, uma janelinha lateral do quarto de dormir. Seu trama é lúcido, rearticulador do Aurélio, triunfante lançando a espada nas superficialidades, mas depois do ataque, só quer mesmo um bom filme adocicado. De todos os seus tramas, por este me apaixonei mais. Merece uma panela de brigadeiro.
ResponderExcluirO mais puro recogitar de sentimentos e nuncias ocultos na vida, envoltos na vontade, e expostos pela dor que não pode calar o peito, que se rompe em uma explosão de tudo o que necessita de exposição.
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