Dizer adeus: Se Freud não explica, a vida ensina



Estava lembrando de uma crônica do Rubem Braga que trata de despedidas. Acho que das duzentas que eu li, essa foi a que mais me tocou. Para Rubem, a separação podia se dar assim como acontece em um baile de carnaval, uma pessoa se perde da outra, se procura por um instante e depois adere a qualquer cordão. Simples assim! Ninguém sairia em frangalhos, não haveria chororô, não haveria nada.

Podia ser assim caro Rubem, eu queria que fosse assim mesmo, cada um para o seu lado e ponto final. Mas não é, dizer adeus é muito mais complexo, e não se aprende em nenhum manual ou livro de autoajuda.

Quem nunca escutou a emblemática canção da dupla Leandro e Leonardo e estufou o peito para cantar o refrão: “Não aprendi a dizer adeus, mas tenho que aceitar, que amores vem e vão,são aves de verão. Se tens que me deixar, que seja então feliz".

Nem Leonardo, nem Freud ainda me explicou como dizer adeus, quando é a hora? Como sair inteira? É, se Freud não explica, a vida ensina. Despedir-se se torna ato involuntário, um insight, uma prova de reação, o vale acordou (risos). 

Caros, chega um momento simplesmente que você enxuga a lágrima no canto do olho, levita para o alto do seu casamento, namoro, rolinho primavera, acordo, amor platônico e cai de cara na realidade. Queda feia, quase sempre. 

Enfim, o que acontece é que depois de dias, meses, anos e anos. Não sei, a luz vermelha acende e você percebe que não existe mais nada ou o que existe não te supri mais. Que você deu mais que ganhou que está destroçada, que chorou tudo o que tinha que chorar, que tem que fechar a porta.

Deixar é prova de amor, sobretudo, amor-próprio.

Deixar é entendimento, saber que o envolvimento não trará mais bons frutos, não te fará mais feliz.

Deixar é para os fortes, é botar na mala suas inseguranças, memórias, medos, sentimentos e tomar um novo rumo, mesmo quando você não sabe ainda qual.

Eu sei que tudo que disse sobre deixar pode ter te tocado. Mas mesmo assim, você pode pensar ainda que não é a hora: 'Posso empurrar com a barriga mais tempo', 'eu não o amo, mas ele é bom comigo, gosto dele', 'estou cansada das brigas, mas eu só vou deixá-lo quando encontrar um novo cara', ou um ditado de mainha ' ruim com ele, pior sem ele'.

Ninguém me disse a hora de me apaixonar, e mais de uma vez, eu me vi completamente apaixonada. Despedir-se também é assim, a hora chega, você sabe que é hora, que ele não é o mesmo, você também não é, tão pouco a relação, e o pior, o tempo passou, e o que era pra sempre, sempre acaba.

E então, simplesmente, em caixa alta por e-mail, facechat, whatsapp, mensagem de texto, ou melhor, olho no olho calmamente ou aos berros você profere: A.D.E.U.S! "Eu sei guardar a minha dor, e apesar de tanto amor. Vai ser melhor assim".


Sobre Juliane Peixinho

Filha de Peixe, já sabem né? Peixinho é, reza a lenda. Esse é meu sobrenome! Eu me chamo Juliane de Souza Peixinho. Baiana, vinte e poucos anos, graduada em Jornalismo em Multimeios pela Universidade do Estado da Bahia (Uneb), encantada com a arte, e suas modalidades, teatro, literatura, dança, música, cinema ou algo que me tire do chão, faça respirar! Já pensei em ser atriz, mas isso só até descobrir que através da escrita eu poderia externar toda a minha emoção e meus confusos sentimentos. Sou sonhadora, fascinada por crônicas, poesias, filmes românticos e dramáticos. Em dias de lua, aluada. Todos os dias, um tanto estranha, como um Peixinho fora d´água.

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