entre um borrão e outro

Formam um quarteto livre. Desfilavam desimpedidamente cada curva, bem como as faces em nuances de brilhos e efeitos-mate. Os sorrisos fartos e sinceros, emoldurados por feições ainda tão jovens pareciam inundar aqueles bares escuros e duvidosos por onde pousavam. As ruas sinuosas não impediam o andar equilibrado, apesar das mentes - tão atordoadas - não apresentarem o mínimo sinal de normalidade. Eram velhas mulheres prematuras. Distantes dos convencionalismos e do "rala até o chão" tão anestesiante nessas épocas de caos. Melhor seria se fossem burras, acessíveis, dadas?

Talvez a hermeticidade dos seus diálogos ou os versos, hora ou outra recitados entre músicas bregas de bar espantassem os cavalheiros. Duvidavam, na verdade, que houvessem cavalheiros alí. Glamour mais que decadente o que encobria àqueles olhos curiosos, empretecidos e melacólicos. Percebiam o ambiente,  à medida em que bebidas, cigarros e aperitivos, misturavam-se às fragrâncias dos perfumes, tatuando em suas peles os dizeres mais quentes (nada sutís).

Não fossem as lágrimas e o brilho nos olhos, consideraria caso perdido. Mas aquelas mulheres eram fortes demais. Extraíam de todos os sábados de dores, os dizeres mais certos. Falam de amor com sinceridade: nada de idealismos ou melosidade. Sonhavam conscientes. Apenas pelo gosto doce da divagação gratuita. 

Com o dia já claro, gargalhavam, ao notar os borrões faciais e morais. No fim, nada que um punhado de lenços umedecidos e algumas horas de sono - na casa mais próxima -  não resolvessem. 

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