O que vou dizer agora é de fazer com que as pessoas se ajeitem nas cadeiras, esfreguem os olhos e olhem fixamente para o monitor. Vou afirmar, mas não duvidem do espanto que isso poderá causar, ou até mesmo dos risos. Pois bem, aí vai: é que... eu ainda acredito nas pessoas. Pensou que fosse algo mais bombástico, né? Confessa. Essa coisinha de acreditar ou não já está mais que batida. Tão batida, que passa despercebida entre as inúmeras questões que ainda merecem discussão.
Depois de 21 anos, quase 22, cofesso: adquiri certa malícia. Desde os primeiros passos até aqui, foram muitas decepções com pessoas. De apunhalamentos à 'eu te amo's vazios de sentimento. Já presenciei mil tipos de mentiras. As mágoas? inevitáveis.
O problema é que a descrença, a princípio pode até parecer mais inteligente.... só que não combina comigo. Pra mim, o 'não acreditar' tem algo de amargo e triste que eu não quero entre os meus dias. Nada impediu, todavia, que mecanismos de defesa contra as mentiras fossem criados. E foi aí que passei a observar. Interpretar olhares, filtrar palavras, reparar nas ações. Então, um cruzamento lógico de dados, experiências e evidências acontece, totalizando ao final, não a mentira, mas a quantidade de verdade que posso esperar. Isso tem funcionado bastante.
O fato, é que nem sempre estou disposta. Há casos em que o que eu quero é fechar os olhos e sentir. Não pensar, não interpretar, não notar nada que desconstrua a magia de um momento. É uma espécie de nirvana. Um flutuamento, um riso sem sentido, um suspiro e os olhos... ah os olhos como brilham e dançam alegremente. E vem um frescor, um alívio. Penso: é verdade, e acredito piamente.
E aí, algumas vezes percebo que não era tão real assim. Ou que apesar de verdadeiro era frágil e efêmero. E aí sinto. A dor do engano, que é uma dor parecida com a de saber que não é verdade, antes mesmo de acreditar. Quer saber? no final, dá quase no mesmo. E é por isso que optei. Optei por acreditar e dançar sem música, fazer planos secretos e sorrir para as criancinhas na rua. Escolhi não ter escolha e sentir o vento no rosto, ouvir músicas alegres e depois tristes e sentir vontade de dormir quetinha, por muiiito tempo, após perceber que na verdade... quem sou eu para saber o que é verdade? é só o sonho que acabou. Uma aspirina pra dor existencial e um remédiozinho pra não pensar, por favor.
Texto perfeito!
ResponderExcluirMe identifiquei bastante! *---*
Parabéns!