Sobre a ESPERANÇA

Esperança: “Tendência do espírito para considerar como provável a realização do que se deseja”. E aqui, em frente a essa mesa de computador, em alguma dessas tardes de domingo, pergunto-me como é possível, alguém possuir tanta esperança como eu.
Não sou uma pessoa otimista. Sempre penso no que de ruim pode acontecer. Costumo observar o lado negativo das coisas, sempre. Sou insegura. Sinto-me incapaz diante dos obstáculos da vida. Sou dona de uma auto-estima abaixo de zero. E tudo isso junto, misturado aos medos, traumas e anseios, consegue deixar espaço para um mísero sentimentozinho. Sentimento este, que me assusta às vezes, por superar os demais.
A grandeza dele me incomoda... e as vezes, atrapalha. Como posso, diante de tantas adversidades, ainda acreditar? Não falo de percalços comuns à vida – Antes que o pense – Falo das causas perdidas.
As circunstâncias podem ser adversas, improváveis ou impossíveis: minha esperança, não conhece limites. Insiste em intrometer-se nos mais estreitos vãos entre uma perda e outra, entre um desejo e outro, entre crenças. Minha esperança gera calor, suor, e lágrimas. Meus desejos me movem e paralisam.
Questiono-me até onde este sentimento me engrandece, ou decresce. Quando desistir? Quando insistir na crença? Como lutar, quando a batalha já está perdida? O Sábio poeta, disse:

“Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não quere-las...
Que tristes os caminhos, se não fora a magica presença das estrelas!”

(Mário Quintana)

A Esperança me arrisca, me submete, me subjuga. Torna-me dependente, me entorpece. A esperança é ópio. Livra-me das angústias, me proporciona momentos únicos de alegria. Acelera os meus batimentos e me faz sonhar. Traz cores aos meus dias, beleza às estrelas, me torna poética. A esperança, é a resposta à todos aqueles sentimentos negativos que sorrateiramente se propagam em minha mente. É o balde de água fria em todas as angústias. A esperança faz com que eu acorde, e encontre um motivo para viver. Se é ruim? – Não é e é. Ela me faz sofrer e chorar quando meus desejos não se realizam, quando tudo acontece ao contrário do planejado. Ela me deixa com raiva. Ela me maltrata, me usa e abusa. Mas o que seria de mim sem ela? Como seria o meu caminho, sem a alegria de conseguir o esperado, ou sem o estímulo de lutar por ele? De fato, não se trata de um sentimento inócuo, mas, necessário. Eu e essa minha mania, de achar a palavra impossível, a mais impossível de existir.